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QR Code e o Product Commerce
Em menos de três dias, o Pix já recebeu 16,6 milhões de cadastros. Ou seja, quando começar a funcionar em novembro, o sistema de micropagamentos móveis instantâneos já tem garantia de que terá uma base de usuários invejável, afinal, qual foi o último aplicativo que teve 16,6 milhões de cadastros em menos de uma semana? Mas para falar dos impactos do Pix nas fintechs e no mundo dos pagamentos, vocês irão encontrar uma série de reportagens e matérias por aí (e até mesmo um episódio do MorseCast). Por isso, o Morse de hoje vai dar uma outra abordagem ao assunto. Resolvemos conectar os pontos e cruzar o Pix com o crescimento do live commerce (assunto que falamos na newsletter da semana passada), e encontramos um ponto em comum, e que segue tendo potencial para transformar o mercado: o QR Code como tecnologia para negócios, e não apenas como link para algum site, como vinha sendo utilizado, por vezes sem sucesso, nos últimos anos
Qr- U?
Se está um pouco perdido da gente voltar a falar de QR Code, é só olhar como a tecnologia se popularizou com as lives e como ela deve ter mais um empurrão de respeito (e alguns milhões de usuários) com o Pix, já que é uma das formas, seja com o QR Code Estático ou QR Code Dinâmico, para finalizar as transações de micropagamento, junto com chaves únicas que podem ser escolhidas pelos usuários, 5 para pessoas físicas e 20 para pessoas jurídicas. Olhando num espectro mais amplo, e principalmente vendo exemplos de usos esporádicos em campanhas, o QR Code é um passo inicial para criar um ecossistema onde a interação com o Mobile e o produto são centrais para a interação com o usuário final.
Product is King
Isso porque, por ser capaz de criar deeplinks e abrir conteúdo rico, além de websites e aplicativos, o QR Code transforma o espaço que tem o seu lugar impresso em um canal de conversa direta com os clientes. É um tipo de desconstrução do comércio que começou lá com os primeiros sites de marketplace, e foi para os aplicativos de entrega. Algumas marcas já têm usado a embalagem como uma experiência estendida – é o caso da cerveja Victoria, que criou uma interação com realidade aumentada a partir de um QR Code colocado na embalagem das cervejas. Imagine isso, só que indo além de apenas uma campanha: a embalagem do produto como um espaço para apresentar conteúdos extra sobre o produto – e sobre a marca – para aqueles que tiverem algum tipo de contato com o objeto. Seja este contato comprando, seja este contato na casa de alguma outra pessoa. O pessoal da Fleischmann fez isso, eles reformularam as suas embalagens e passaram a colocar conteúdos de receitas em seu QR Code.
QR Code como rede social
Indo na linha das receitas nas embalagens via QR Code, por que não ir além? E cruzar até mesmo com as Lives? Muitas das empresas de comidas prontas têm como objetivo endereçar pessoas que moram sozinhas e que buscam uma forma rápida de se alimentar justamente porque encaram a refeição como uma necessidade do corpo e não como uma experiência. Porque não um Cook Together via QR Code? Convidando as pessoas que vão comer um mesmo alimento a se conectarem naquele momento, seja para cozinharem juntas, seja para simplesmente saberem que existem pessoas naquele mesmo momento, com o mesmo comportamento.
QR Code P2P
Falando em campanhas que podem ser usadas para uma interação permanente, a norte-americana JC Penney usou o QR Code com o que chamaram de “Santa Tags”, em português, as “tags do Papai Noel”, que permitia que o usuário gravasse uma mensagem para a pessoa que fosse receber o presente – a mensagem era, então, “lida” por meio de um QR Code. É o P2P, ou Peer 2 Peer do mundo online indo para o offline. Não é incomum que marcas que vendem diretamente ao consumidor usem este tipo de tecnologia para continuar a conversa com os seus usuários – já que, para uma empresa menor ou uma D2C, faz parte do processo ter esse tipo de feedback e relacionamento direto com o cliente final.
Product is CRM
É uma boa hora para falar que a Amazon, lá em 2018, criou o SmileCodes, QR Codes que levam exatamente para a loja do produto da Amazon. Superapps também criaram seus QR Codes de pagamento, como já falamos por aqui. O negócio é que o código pode utilizar tags exatamente para que a marca conheça o seu usuário – além de apenas o valor transacional. Além de mostrar conteúdos, a marca consegue captar dados interessantes sobre o cliente (como interesses, demografia, idade, o tipo de device usado, a localização) e a forma que ele usa o produto – na hora de criar novos serviços, esses dados são essenciais.
Produto como Wallet
Existe também a utilização do QR Code como, bem, um caminho para pagamento, o que dá espaço para tornar o produto um “wallet próprio”. Nos Estados Unidos, o remédio Mucinex usou o QR Code para criar um canal de e-commerce, olha só: por lá, o remédio não pode ser comprado via delivery no Walmart, apenas comprado diretamente na loja. Para se promover, eles mandaram lenços de papel com um QR Code para 35 mil clientes em potencial. Quem lesse o QR Code teria acesso a um lugar direto para comprar o remédio. O resultado foi de venda de 15 mil produtos online, apenas por essa campanha específica. E se os produtos, de fato, tivessem esse caminho de maneira permanente?
D2C 3.0 com QR Code Cash Back
Agora um dos grandes potenciais das estratégias de QR Code em produto é aproximar a indústria dos seus consumidores. Um distanciamento que, muitas vezes, é o maior desafio para muitas empresas querendo entender como e onde inovar em seus produtos e até serviços. Na venda via canais, sejam ecommerces, marketplaces ou qualquer outro tipo, a indústria fica sem visibilidade nenhuma de quem comprou o que. Porém, uma simples interação com um QR Code já muda tudo, isso porque, o simples fato de escanear o código já pode, pelo menos, e obviamente com o opt-in do usuário, reportar por exemplo a geolocalização daquele produto e com isso saber onde aquele item comprado foi parar. Agora imagina o consumidor dando maiores informações através do QR Code? Motivo da compra, o que achou etc etc. Dados que podem ser coletados em troca de experiências, conteúdos extras e, por que não, descontos… Quanto vale para uma marca sem visibilidade nenhuma na ponta, começar à conhecer seus clientes? E por que não trocar isso por cash back via QR Code?
Future? Really?
O QR Code é apenas o primeiro passo da revolução da realidade aumentada e a inteligência de imagem. Empresas como o Pinterest, por exemplo, tem melhorado a sua “visual search” da vida offline para o mundo digital e, em junho, acrescentou a capacidade de shopping à sua ferramenta de busca visual; enquanto isso, o Snapchat já tem um sistema de visual recognition, que encontra produtos que a câmera do smartphone reconhece, além disso, eles também lançaram o Spectacles, seus óculos de realidade virtual, o Facebook vai lançar um desses em parceria com a RayBan. O que vai acontecer quando esses óculos começarem a interagir com os produtos e a oferecer ads? Será que não vale a pena para as marcas estarem num passo à frente? Você já pensou que seu produto, em breve, pode ser um novo canal de relacionamento ou mesmo de vendas?