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Trilhões gerenciados no caderninho
Tem um setor que vai acrescentar US$ 2,3 trilhões ao PIB mundial até 2024, e, que, só no Brasil, será responsável por um aumento de US$ 9 bilhões na economia. Eles estão em todos os lugares e, só no Brasil, representam algo perto de 70% do total de contratações feitas em 2021. Muito provavelmente você já usou ou comprou um serviço desse setor na última semana. Que nada, diminua isso para “últimas 24 horas”! Não, não estamos falando das Big Techs, muito menos dos unicórnios que se proliferam por aí, estamos falando das micro, pequenas e médias empresas! Sim, as PMEs já são gigantes em muitos aspectos, mas enfrentam um grande desafio para destrancar esses trilhões: como digitalizar seus negócios para ganhar escala, eficiência e rentabilidade, e poder concorrer com os grandes players.
Tudo, menos isso!
Ok, não é da forma que vocês estão pensando. Uma pesquisa publicada pela Harvard Business Review na semana passada nos fez pensar na transformação digital num outro prisma. Em entrevista feita com centenas de pequenos empreendedores e profissionais de vendas de PMEs, o resultado foi que 66% deles preferiam lavar o próprio banheiro do que procurar e implementar novos softwares em suas empresas. Mas não é só a privada que entrou no meio: ficar parado no trânsito, brigar com um parente, ir ao dentista e esperar numa fila de serviço público, são atividades que essa galera prefere ao invés de ter que procurar, contratar e implementar softwares para o dia a dia dos seus negócios. Para resumir a pesquisa, preparamos um infográfico; é só clicar aqui! Muito se fala da transformação digital, mas esses números nos fizeram parar para pesquisar e pensar: afinal, como está rolando esse processo na vida real das PMEs?
Uma questão de ponto de vista
Para muitos, a transformação digital é algo que acontece quando a empresa passa a vender seus produtos por um meio online. Ou seja, um restaurante passar pela tal mudança seria ele começar a vender por um aplicativo, um delivery online. A real transformação, no entanto, acontece também da porta para dentro: esse mesmo restaurante consegue usar um programa em nuvem para otimizar suas compras? A gestão de seus funcionários? O fluxo de caixa? Sua contabilidade? Vejam bem, não é incomum esses passos andarem lado a lado, afinal, o ganho em escala que o digital dá exige uma certa automatização de processos. Talvez nada tenha mostrado mais que esses passos andam quase juntos do que o último ano e meio. O desafio foi para todos, mas as pequenas e médias empresas sentiram o impacto diretamente. Tanto que, no último ano, 48% dos microempresários europeus, australianos e brasileiros, que não tinham planos de investir em software, acabaram mudando de ideia depois do início da pandemia.
PMEx: Pequenas e médias empresas exponenciais
Outro número, este levantado pelo Estadão com PMEs brasileiras, mostrou que durante a primeira fase, mais dura da pandemia, 47% dos microempresários tiveram mais da metade da sua receita vinda de canais digitais. Uma outra pesquisa mostra que, quando investem em softwares, PMEs têm três vezes mais chance de ter crescimento do número de clientes, três vezes mais chance de aumentar a receita e, o melhor de tudo, duas vezes mais lucro do que aquelas empresas que continuam nos mesmos processos internos analógicos. Ou seja, não são apenas as grandes empresas que podem utilizar a tecnologia para ganhar escala. Porém, como simplificar esse processo. O livro “Exponential Organizations“, de Salim Ismail, virou a bíblia de grandes empresas em busca da exponencialidade nos negócios. Mas qual será a bíblia para as PMEx? As pequenas e médias empresas exponenciais?
Imaturidade digital
No Brasil, a situação das PMEs com a digitalização interna é preocupante. Um estudo mais recente da FGV em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) mostrou que 66% das PMEs brasileiras têm maturidade digital baixa; sendo 18% completamente analógicas e 48% “emergentes”, ou seja, tem algum esforço para se digitalizar, mas ainda com estrutura e modelos tradicionais. De 0 a 100 na “nota” de desenvolvimento tecnológico, as PMEs brasileiras chegaram a 40,77 pontos. Outros números, esses vindos da IDC e da Cisco, mostram que 51% das empresas pequenas brasileiras estão em estágio inicial de digitalização, e o país fica na 18ª posição no ranking de maturidade digital das pequenas empresas.
Os porquês
As duas pesquisas tentaram responder onde estão as dores do setor para se digitalizar. A resposta do estudo da FGV mostrou diversos fatores: para 38% das empresas, o maior entrave é a falta de recursos, e aqui podemos dizer que muitas vezes nem sabem de alternativas simples e baratas para esse processo; para 14% delas, o problema a se transpor é a dificuldade em acessar pessoas e fornecedores com capacidade de ajudar na transformação digital, mas importante lembrarmos que o segmento de soluções “no code” vem crescendo para justamente atender esse tipo de demanda; já 13% dizem que veem dificuldades em entender quais são as prioridades na hora de investir na transformação digital, é aqui que a educação digital é o ponto principal. Outros 11% apontam falta de estratégia das empresas para habitar o digital e 10% indicam falta de ferramentas para fazer tal atualização, mas sabemos que hoje em dia ferramenta é o que não falta, mas talvez o conhecimento sobre a existência ainda seja restrito. Outro dado, mas aí é positivo: 25,4% das PMEs já usam serviços de cloud computing. Já a pesquisa da IDC/Cisco mostra um cenário um pouco diferente; 13% das companhias apontam que o maior problema é a resistência interna às mudanças; outros 13% colocam na falta de talentos e de pessoas com skills digitais em suas companhias como o maior entrave e outros 13% falam da falta de orçamento. Ah, e 11% dizem que o que falta mesmo é o roadmap digital.
Smart is more
Beleza, então quer dizer que é só achar o software certo, fechar o nariz e implementar? Mais ou menos. O negócio aqui é que a transformação digital não está na mão dos softwares e sim da sua implementação inteligente e de pensar nos processos da empresa como um todo. Voltando àquela pesquisa da Harvard Business Review, em média, os pequenos empreendedores usam 8 ferramentas diferentes para performar uma atividade e 72% falaram que chegam a usar 3 ou mais abas abertas apenas para fechar uma venda! Não se trata de ter os programas por ter, mas de saber se eles fazem sentido no contexto do seu negócio e se eles podem fazer com que a sua empresa ganhe em produtividade ou em tempo de automação de processos. E, olha só, essa tarefa está longe, muito longe de ser fácil, não é à toa que vemos uma série de ferramentas profissionais tentando acrescentar mais e mais serviços e APIs em suas plataformas, criando verdadeiros ecossistemas B2B. Mesmo assim, há uma barreira dos próprios usuários em entender todas as formas de se usar esses programas, e essas APIs todas acabam virando um truque mágico para aqueles que entendem de programação (ou são fuçadores de tutoriais). Aqui vale uma outra estatística interessante: tutoriais estão entre as 10 categorias mais vistas no YouTube.
Digitaliza aí!
Bem, a gente poderia passar mais algumas newsletters colocando números sobre a realidade das PMEs, mas resolvemos colocar a mão na graxa e entender como ajudar. Afinal, a nossa meta é que a transformação digital deixe de ser transformação e passe a ser apenas “realidade” para todas as empresas brasileiras, todas mesmo, das gigantes até as eupresas. E, para esse mudar esse cenário, não adianta apenas ficar colecionando números e estatísticas, e apontando o problema, temos que agir. Nossa ação nas próximas semanas será dedicar o espaço desta newsletter para falar de ferramentas e de formas mais inteligentes para digitalizar PMEs e ajudá-las nesse processo. Se sua empresa, ou mesmo você enquanto profissional, gosta, entende ou possui soluções relacionadas a essa pauta, manda um oi aqui! O “Digitaliza aí” será um espaço aberto para que possamos conectar os desafios de quem precisa se digitalizar com profissionais e empresas que podem, e querem, ajudar nesse processo.